segunda-feira, 27 de junho de 2011

Gestão Escolar - Diferencial para uma Educação de Qualidade





Gestão Escolar - Diferencial para uma Educação de Qualidade

Qual é o profissional mais importante para que se efetive em termos práticos a educação de qualidade que todos almejam? Se sua resposta foi o professor, tenha certeza que ele também é fator decisivo, verdadeiramente primordial para que isso aconteça, mas por incrível que pareça, pesquisas conduzidas no Brasil e no mundo têm atestado a importância maior dos gestores escolares para que se efetive um trabalho realmente qualificado nas salas de aula de qualquer localidade.

Investimentos na formação dos gestores são, conforme dados da Fundação Lehman, normalmente muito mais eficazes para alterar positivamente o rumo dos acontecimentos no âmbito escolar que qualquer dinheiro investido no aperfeiçoamento dos docentes. E isto numa base matemática equivalente a 5 vezes mais resultados favoráveis para cada centavo gasto com gestores do que com educadores.

No entanto, a maior quantidade de recursos públicos investidos na formação de profissionais das redes municipais, estaduais e federais é vertida em bases inversamente proporcionais em cursos e atualizações para os professores, com a carga destinada a gestores sendo bastante reduzida.

Simplificando este raciocínio podemos afirmar que se gasta muito mais com professores para sua especialização, aperfeiçoamento e atualização do que com gestores da educação, como diretores, coordenadores, orientadores e mesmo o staff que gerencia as redes públicas municipais e estaduais em nosso país. E, como complemento, concluir que o dinheiro gasto com os gestores representa mais benefícios para as escolas do que qualquer investimento feito em relação aos professores.

Isto quer dizer que os investimentos na formação de professores devem acabar e, em substituição a estes o dinheiro deve ser revertido para o aperfeiçoamento dos gestores?

Não é isto que estamos dizendo e defendendo neste artigo... Acreditamos que ambos os grupos de profissionais da educação, gestores e professores, são importantíssimos para que se efetive no Brasil uma Educação de Qualidade.

Para que isto aconteça cremos ser necessária a continuidade de investimentos para a formação dos docentes, mas advogamos em prol de maior dispêndio em relação aos gestores nem que, para que isto aconteça, se divida melhor o manancial de recursos destinados a esta finalidade formativa.

Não há dados exatos quanto à partilha dos investimentos relativos à formação dos profissionais da educação, mas certamente aos professores é destinado percentual que supera – com larga vantagem – o custeio de cursos e atualizações para os gestores. Seria sensato crer que, em termos de dados numéricos, a vantagem seja de 8 e até mesmo 9 reais investidos nos professores para cada 1 ou 2 reais destinados aos gestores.

E como estou apresentando uma informação pautada apenas no exame superficial de dados relativos aos gastos de alguns municípios e estados brasileiros quanto a investimentos em novas tecnologias e metodologias de ensino aplicadas às escolas, normalmente envolvendo formações destinadas a professores, e verificando que aos gestores há muito menos opções, a situação pode ser ainda pior do que a mencionada...

Mas por que, de repente, se sentiu a necessidade de reforçar as bases da ação dos gestores escolares, dando-lhes mais subsídios com estas formações e atualização de conhecimentos?

Para melhor entender esta questão é importante primeiramente identificar o perfil dos profissionais que atuam na gestão de nossas redes e escolas públicas (assim como também nas particulares). Neste sentido, vale destacar que normalmente quem é alçado a condição de secretário de educação, diretor de escola ou coordenador pedagógico, por exemplo, na maioria dos casos é um destacado professor que teve seus esforços em sala de aula reconhecidos por alguém hierarquicamente superior ou por seus colegas de escola ou rede.

É, portanto, algum profissional graduado em pedagogia ou em licenciaturas (matemática, letras, história, geografia...) que tem qualidades tais quais: liderança, organização, conhecimento de educação, capacidade de inovar, carisma, habilidades comunicativas e respaldo entre os colegas e os estudantes. Por vezes todas estas características podem ser encontradas num professor que se tornou gestor, mas na maioria dos casos, estes profissionais possuem algumas destas qualidades e não todas.

O problema maior reside no fato de que estes profissionais, mesmo levando-se em conta todos os seus méritos e qualidades, passaram por formação universitária deficiente, que não lhes legou possibilidades e ferramentas necessárias e suficientes para se tornarem gestores. São pessoas que conhecem educação, suas escolas ou redes, comunicam-se bem, são relativamente organizadas, têm perfis de líderes, mas que não tiveram acesso na universidade a cursos especialmente devotados à gestão de instituições, públicas ou privadas, de ensino ou de qualquer outra área de atuação.

Não basta ser carismático ou ter evidentes características de liderança... Os gestores precisam organizar dados, ler as informações disponíveis e analisá-las para definir prioridades e prerrogativas, delegar funções, cobrar efetividade de seus comandados, reunir e administrar reuniões, lidar com prazos e urgências, relacionar-se com diferentes públicos e necessidades (professores, pais, funcionários, alunos...), planejar e definir metas, gerir de forma participativa e democrática o seu reduto educacional, conhecer legislação específica e geral, administrar recursos financeiros públicos...

Tudo isto exige, certamente, preparo e adequação que não são componentes da formação universitária destes profissionais e, encontrar as respostas no cotidiano leva a reutilização de práticas já usuais no setor ou de definição de ações a partir do senso comum, desprezando-se as técnicas de gestão necessárias e fundamentais para esta finalidade.

Não se despreza com este posicionamento tudo aquilo que os profissionais que atuam na gestão escolar possuem de conhecimento e experiência, mas espera-se que se constate a necessidade de adicionar a todos os saberes anteriormente adquiridos na academia ou na práxis as informações e ações relacionadas à administração de instituições de acordo com os ensinamentos provenientes de especialistas em administração.

O que se pretende com esta constatação é, apenas, concluir como necessário que o capitão do navio conheça não apenas todas as prerrogativas e ações próprias de seus marujos, mas que saiba como dar rumo, evitar motins e rebeliões, organizar as ações de seus comandados em comum acordo com eles (mas fazendo valer sua posição e opinião), respeitar os prazos de partida e chegada, prover com os necessários recursos os passageiros e os tripulantes...

Tudo isto para que, no final, a viagem tenha sido bem sucedida, com o mais elevado nível de satisfação tanto dos clientes internos quanto dos externos, ou seja... Atingindo os melhores resultados possíveis... Se não é fácil diferenciar o capitão do navio de seus tripulantes, como então seria possível realizar a melhor viagem como desejado? Nas escolas não é diferente...

João Luís de Almeida Machado Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).

Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/portal

terça-feira, 14 de junho de 2011

A Educação e a inversão de valores - Marcelo Luis dos Santos Antonio - Diretor de Escola, Biólogo, Especialista em Gestão Escolar pela UNICAMP.




A Educação e a inversão de valores - Marcelo Luis dos Santos Antonio - Diretor de Escola, Biólogo, Especialista em Gestão Escolar pela UNICAMP.

Foi-se o tempo em que a escola apenas cuidava dos saberes acadêmicos... Foi-se o tempo que a maior preocupação de todo educador era se o seu aluno estava aprendendo... Foi-se o tempo que cada segmento da sociedade dava conta (ou pelo menos tentava) de suas responsabilidades.... Foi-se o tempo...

Hoje, essas responsabilidades foram delegadas unilateralmente à instituição escolar. A princípio, essas competências delegadas estavam alicerçadas na competência histórica da escola que, de um modo ou de outro, sempre dava conta de seu papel dentro da sociedade, por vezes um tanto distorcido pelas políticas temporais e, por vezes, acertado pelas ações de nossos educadores.

Mas com o tempo isso passou a ser um processo “osmótico”, algo como “passa a bola para escola que ela resolve”.

Hoje a escola, além de seu papel educacional (gerenciadora da construção do conhecimento do aluno), abraçou o social, o judicial, o psicológico, o terapêutico-familiar, não mais como uma parceira dos vários segmentos da sociedade, mas sim, atuando em seu lugar, muitas vezes.

Todas as mazelas sociais, frutos das políticas hipócritas e desastrosas (em todas as áreas), têm na escola o fármaco ideal. A escola se tornou a porta de entrada de um número incontável de programas sociais (como o bolsa família) e passou a ser a “tutora” de menores que cometeram atos infracionais e que estão cumprindo medidas socioeducativas.

Sob o enfoque das benesses sociais, a escola não pode se tornar prisioneira de uma política assistencialista, que não enxerga a escola como um processo, mas sim e simplesmente, como um meio. O simples fato de associar a matrícula e a frequência escolar como o “start” ao programa social banaliza a importância educacional da escola, pois um grande número de famílias que são beneficiadas pela “bolsa família” só procuram a escola quando ocorre um problema no recebimento do benefício. Não há, em momento algum, um direcionamento pedagógico, um mecanismo de construção da consciência cidadã.

Já na questão de “tutora” de menores infratores, a escola transita entre o utópico e o real. O utópico, pelo fato de se pensar que os órgãos das áreas competentes (área judicial, social e médica) irão dar suporte à escola para gerenciar os efeitos dessa inclusão no cotidiano escolar, pois a realidade tem mostrado que os segmentos da sociedade que deveriam dar suporte à ação educativa da escola, simplesmente lavam as mãos e se esquecem da “parceria”, daquilo que lhes compete. O real, pois a escola está sozinha nessa caminhada. O que se observa é a ingerência desses “órgãos competentes” no cotidiano escolar é de transferir as suas responsabilidades aos gestores escolares.

Se todos os segmentos da sociedade, incluindo-se aqui os Poderes Públicos e Privados, dessem conta de suas responsabilidades sem delegar, muitas vezes sem a querência da instituição escolar, ela (Escola) poderia concentrar todas as suas ações, entre elas as Parcerias, nas questões estritamente pedagógicas e, naturalmente, sem que fosse algo imposto pelas inversões de valores ocasionados pelo fluxo social esmagador. A escola poderia, de fato, ser uma grande parceira nas ações sociais e preventivas.

Quando será que a Educação no Brasil deixará de ser apenas plataforma de campanhas políticas hipócritas?

Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br

domingo, 12 de junho de 2011

Tecnologia - Escolas plugadas - Educar para crescer

Escolas plugadas

A informática faz parte do cotidiano das crianças e dos adolescentes e o governo promete torná-la universal nas escolas públicas até 2010. Conheça a experiência de quem aprendeu a usar o computador como aliado – e o alerta do que não funciona.


Foto: Luis Motta

Google, blogs, Orkut, wikis, hackers... Se alguém ainda tinha dúvidas, esqueça: o dicionário da educação (em casa e na escola) foi definitivamente invadido por novas palavras, criadas quase todos os dias para dar conta do turbilhão de avanços da tecnologia, que criam situações e possibilidades inteiramente novas.
O computador chegou para ficar – muito antes que alguém saiba com certeza se os recursos da informática trazem ou não benefícios concretos para a aprendizagem. Nas escolas particulares, a experiência já soma duas décadas, mas seu uso é cada vez mais diversificado. Na rede pública, as promessas são alentadoras: até 2010, o Ministério da Educação pretende levar computadores a todas as escolas públicas brasileiras, atingindo 55 milhões de alunos.

Nesse mundo novo, no qual se movem com familiaridade crianças e jovens, os adultos estão à procura de um manual de instruções. Os pais temem perder o controle sobre os movimentos dos filhos, que passam a encontrar os amigos em um espaço de relações virtuais. Os professores oscilam entre a negação do avanço e a busca por um novo papel, tentando entender o que é educar em um contexto no qual os alunos têm mais domínio sobre a ferramenta que eles próprios. “Estamos ainda na infância das possibilidades do uso da tecnologia na educação”, diz a professora Afira Ripper, da Faculdade de Educação da Unicamp, pioneira nas pesquisas nessa área.

Para ela, um dos vícios de origem do uso da tecnologia, que ainda persiste, é a premissa de que basta existir o computador e o aluno faz o resto. “Uma idéia na cabeça, um computador na mão”, lembra, parodiando a frase do cineasta Glauber Rocha. Como conseqüência desse pensamento, as escolas que mais cedo se lançaram no mundo virtual colecionaram experiências de fracasso. O impacto sobre o aprendizado foi muito menor do que se previu.

O primeiro erro foi capital: em quase 100% dos casos, o investimento em máquinas veio antes da qualificação dos professores. O que faz a diferença, descobriram a duras penas os educadores, não é a qualidade do software ou do hardware utilizado, mas aquela peça que fica logo à frente do monitor: o ser humano. Projetos bem-sucedidos de uso da tecnologia têm como característica comum professores que compreenderam o novo papel que desempenham como orientadores, motivadores, referências de um processo de descoberta coletiva. Nessa condição, nem é preciso que sobrepujem os alunos no domínio do computador. Basta que saibam o que querem que as crianças aprendam.

Os sucessivos percalços minaram a confiança nas tecnologias de informação e comunicação (TICs). Não demorou para que sua eficácia começasse a ser questionada com dados. Apenas em 2008, duas pesquisas brasileiras ligaram a utilização do computador a defasagens na aprendizagem. Na Unicamp, o pesquisador Thomas Patrick Dwyer cruzou os dados obtidos pelos estudantes no Sistema de Avaliação do Ensino Básico com hábitos de uso do computador e chegou à conclusão de que passar muito tempo diante do micro é prejudicial.


O estudo apontou queda de até 7,5% nas notas dos alunos do atual 9o ano do ensino fundamental (antiga 8a série) e do 3o ano do ensino médio que recorrem à informática para fazer trabalhos escolares ou a lição de casa. Outro levantamento foi feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, o respeitado Inep, vinculado ao Ministério da Educação. A pesquisa sugere que escolas que usam o computador sem conexão à internet têm notas mais baixas nas avaliações oficiais. O desempenho melhora se os micros estão plugados na rede, mas a semente da dúvida foi lançada.

Irritação. É essa a reação dos defensores do uso da tecnologia na escola diante de estudos como esses. “Há alguma convicção científica de que o lápis, comparado com a pedra lascada, propicie maior aprendizagem?”, ironiza o especialista em tecnologias educacionais Paulo Blikstein, doutorando pela Northwestern University, em Chicago. Para ele, o principal argumento para o uso intensivo das novas tecnologias na educação é que elas já fazem parte do cotidiano de todos. “É complicado julgar o computador como um comprimido que irá resolver todos os nossos problemas educacionais.

Certamente, a questão tem mais a ver com a qualidade da atividade desenvolvida”, acrescenta o pesquisador Leo Burd, do Massachusetts Institute of Technology (MIT).


Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia


quarta-feira, 8 de junho de 2011

A Educação brasileira: onde avançou e o que ainda falta avançar - Por Celso Antunes



A Educação brasileira: onde avançou e o que ainda falta avançar - Por Celso Antunes


Não temos, infelizmente, o melhor sistema educacional do mundo. Uma rápida análise de como se ensina e como se aprende neste país, de norte a sul, das séries iniciais aos cursos de pós-graduação, destaca que estamos muito distantes da excelência. Se procurarmos comparações internacionais tomando como referência múltiplos índices avaliativos, é fácil constatar que o desempenho do aluno brasileiro revela o ultraje de posições vexatórias e que países bem mais pobres e atormentados por crises mais agudas, ainda assim, oferecem opções educativas mais consistentes e podem olhar o futuro com uma esperança que não pode ser igual à nossa.

Mas nem por isso o Brasil tem apenas mazelas a lamentar. Verdadeiras “ilhas de excelência” emergem em toda parte e, ainda uma vez, a qualidade desse trabalho se manifesta de norte a sul, das séries iniciais aos cursos de pós-graduação e — o que mais impressiona — nem sempre emergindo em municípios mais ricos ou aparecendo nas cidades brasileiras de maior IDH.

Além disso, nunca como atualmente se publicaram tantas obras sobre temas educacionais, jamais a grande imprensa se voltou com a intensidade de agora a resultados do ENEM e fez tantas críticas a desvios de verbas educacionais. Se, entretanto, ainda não temos o vestibular que necessitaríamos, estamos longe de outro no qual a decoreba representava caminho inevitável. Uma fria e sintética análise do panorama educacional brasileiro neste segundo semestre de 2010 traz à tona a clássica figura de um imenso mosaico, com manchas escuras onde se destacam problemas cruciais, mas também indícios e registros prodigiosos de processos e sistemas educativos que servem de magnífica lição, e não apenas para nós, brasileiros.

Entre as marcas negativas, não se pode fugir da certeza de falta de escolas em muitos lugares e, pior ainda, da imensa presença de outras tristemente sucateadas, prisioneiras de recursos materiais indigentes, com salas abarrotadas servidas por professores mal preparados e raramente presentes. Há bem pouco tempo não existiam notas que pudessem expressar esse descalabro e assim as palavras se empalideciam por falta de estatística. Agora que tais índices se apresentam graças ao IDEB e ao ENEM, temos notas que se diluem em decimal e patinam em torno de um 4.0 em escala de zero a dez. Pior que essa situação são os labirintos que se enfrentam para dela sair.

Olhando-se para a parte mais sombria desse imenso mosaico, temos uma escola de mentira, fundamentada pelo descaso e responsável por pífia formação moral e intelectual dos que se rotulam estudantes. Números médios de 40 a 50 alunos por sala são encarados como situação “normal” sem a busca de comparações que nos remetem para 15 a 19 alunos na Alemanha e 20 alunos em Cuba. Para o quadro sombrio dessa realidade existem desculpas — algumas justificáveis, outras nem tanto.

Garante-se que nenhum país da Terra empreendeu, nas últimas décadas, o “salto quantitativo” dado pelo Brasil e que quem em tão pouco tempo colocou tanta gente para dentro da escola não poderia fazê-lo sem alguma perda de qualidade. O argumento é verdadeiro. Efetivamente, pudemos saltar de 30 a 40% de crianças fora da escola de décadas atrás, para quase todas as crianças em sala hoje em dia, e esse gigantesco esforço levou-nos a inventar professores do dia para a noite e criar salas sem satisfatórias condições ambientais. Mas que não se acredite ser essa a única razão. É triste perceber que a Educação neste país foi apenas prioridade em discursos, jamais em ação concreta e que fazer nestes trópicos o que na Coreia do Sul e Irlanda se fez custaria sólida vontade política que jamais tivemos.

Espera-se, porém, que o olhar para as manchas escuras do mosaico não oculte a verdade de que existem também, neste mesmo Brasil, escolas públicas e particulares excelentes, cursos de primeira linha que nada, absolutamente nada, ficariam a dever se comparados com sistemas de educação de excelência incontestável. A certeza dessas admiráveis “ilhas” de exceção que em todo o território nacional se percebe constitui ao mesmo tempo uma afronta e um estímulo. Afronta, porque as razões que as fazem existir são claras, plausíveis e aplicáveis em qualquer lugar desde que exista seriedade e persistência e, portanto, quando não se evidenciam provas cabais de omissão criminosa. Mas não podemos esquecer que essas escolas e cursos de qualidade notável constituem também estímulo para ser apropriados por quem desejar fazê-lo.


As excelentes escolas brasileiras, principalmente públicas, são as que são administradas por educadores, por profissionais que, pelo menos há mais de três anos, estão trabalhando no mesmo lugar e não por cabos eleitorais itinerantes e inconsequentes. Seus professores possuem sempre formação adequada e são periodicamente estimulados a ler, pesquisar, aprender, transformar-se. Por sua vez, seus alunos possuem jornadas de ao menos um pouco mais que as trágicas 25 horas semanais. São escolas em que as estratégias de ensino não se ocultam através de paredes indevassáveis, onde foi descoberto o caminho seguro de se premiar o mérito, onde se criaram “intervalos inteligentes” com alternativas de saberes e, sobretudo, onde aulas não são intermináveis e repetitivos discursos, mas situações de aprendizagem criteriosamente planejadas para promover o protagonismo e a linguagem significativa do aluno, a efetiva construção de novos saberes e o consciente despertar prático de competências diversas.

É essencial que se ressalte que não se está buscando, de maneira alguma, dourar a pílula. Os fundamentos anteriormente destacados foram colhidos em escolas públicas que surpreenderam a todos nos resultados dos Índices de Desenvolvimento da Educação Básica e que contemplaram análise do país inteiro. A surpresa desses números é que tais escolas não apareciam necessariamente em municípios ricos — mesmo quando se toma agora como referência o ENEM e se volta o olhar para escolas particulares, ainda uma vez surgem resultados excelentes em Teresina (PI) e em outras cidades do Norte e Nordeste em intensidade maior dos que surgem em ricas estâncias climáticas, enfeitadas por seus hotéis estrelados. A conclusão parece ser extremamente plausível: para mudar de cor as manchas escuras do tenebroso mosaico de uma Educação falida, sejam elas escolas particulares ou públicas, desta ou daquela região geográfica, existe uma “lição a fazer” e esta não constitui surpresa para quem quer que seja. Ou se faz a lição ou se busca desculpa para uma Educação de ínfima qualidade. Vamos, então, aos passos iniciais desta jornada:

1. Quanto ao(s) gestor(es)
Dirigir uma escola, seja qual for seu nível e característica, é bem mais complexo do que administrar um depósito de ferramentas. Exige que esse gestor saiba o que é educar, atualize-se sempre sobre avanços relativos à cognição e à inteligência, compreenda que não pode existir verdadeira equipe pedagógica sem um Código de Ética que a integre e avalie e, sobretudo, que conheça a fundo qual o verdadeiro papel e o verdadeiro sentido de uma escola, tanto como espaço cognitivo quanto como centro instigador de competências e estimulador da sociabilidade. Em síntese, que seja um verdadeiro gestor e não apenas quem conquistou esse título sem esforço verdadeiro ou quem se autoatribuiu esse mesmo título.

2. Quanto aos professores
Desses profissionais espera-se, como tarefa mínima, que cumpram seus horários e programas, planejem suas aulas e organizem mecanismos eficientes de avaliações significativas. Mais do que isso: que descubram que não existe titulação de validade perene e que, dessa maneira, estudem muito e estudem sempre, discutam e aprendam, abram suas aulas aos colegas para que a examinem e critiquem e saibam aprender com seus pares tudo quanto de essencial um educador maiúsculo precisa possuir. Em síntese, que sejam verdadeiramente professores e não prosaicos “professauros”, repetindo hoje o que dez anos atrás faziam.

3. Quanto aos alunos
Que fiquem mais tempo em aula e que, mais do que dominar informações, descubram conhecimentos e valores. Que saibam verdadeiramente pesquisar, que aprendam a argumentar, que compreendam o que precisam ler e abracem a leitura como instrumento de grandeza e não obrigação, que saibam progredir em sua socialização, em sua leitura do mundo, em seu respeito ao outro, no culto de valores essenciais. Que conquistem uma visão sistêmica e que, tendo de deixar incompleto seu curso, demonstrem nível de eficiência e de capacidade profissional que corresponda ao ponto que alcançaram.

4. Quanto à escola
Não se requer palácios, salas aromatizadas e corredores iguais aos de um hotel cinco estrelas, mas que tenha um mínimo de conforto material, onde alunos podem sempre se sentar, encontrar livros, dispor de computadores, descobrir áreas para pesquisar o meio ambiente e o entorno. Que tenha menos aulas expositivas e bem mais situações de aprendizagem que lhes ensinem a sensibilidade para aprender a conversar e não apenas falar, enxergar o mundo e não somente olhar sem que se aperfeiçoe a sutileza para as descobertas.

5. Quanto às aulas e situações de aprendizagem
Que sejam desafiadoras, propositoras e que estimulem descobertas. Que envolvam o aluno não mais na condição de espectador, mas no papel dinâmico de protagonista de seu processo de crescimento. Que sirvam menos para registrar fatos, mas para acentuar a reflexão sobre estes e que ensinem os educandos a discutir, argumentar e contextualizar o que recebem de seus professores como instrumento para compreender melhor a vida que nos aguarda além dos muros e além do dia seguinte.

6. Quanto aos currículos escolares
Que se priorize qualidade e não quantidade. Que permita ao aluno filtrar e organizar esse verdadeiro tsunami de informações contemporâneas e que ajude os estudantes a estruturar seus pensamentos e se movimentar com segurança no turbilhão de notícias, priorizando o que é essencial para pensar a política como ferramenta de ação e não como abrigo de mentirosos. Que o currículo não mais seja visto como uma pilha de disciplinas independentes amontoadas sem integração, mas como expressão de conquistas racionais indispensáveis para se olhar o mundo e compreender as pessoas. Que não se informe em excesso e que tudo que for ensinado seja explorado em profundidade. O Brasil precisa de um ensino com menor volume de ideias apresentadas, mas estudadas a fundo e aplicadas com vistas ao entorno e sua vivência profissional. Que a vida e sua sustentabilidade possam ser o grande tema curricular, em torno do qual uma eficiente interdisciplinaridade integre teorias e sua prática. Enfim, que nossos alunos aprendam a lidar com o conhecimento.

É evidente que essa breve análise não abriga a pretensão de salvar a Educação nacional. Representa apenas singela opinião de um professor e, como tal, necessita do confronto de outras e da saudável polêmica de possíveis discordâncias. Mais ainda: pretende propor pragmatismo ao PDE e assim se apresenta como tímido rascunho sobre as peças de um mosaico e que sabe não ir além de um primeiro passo, mas que admite que jornada alguma se conquista sem um passo inicial.

Fonte: http://blog.educacional.com.br/articulistaCelso/

8 questões essenciais sobre projeto político-pedagógico

 
Por Thais Gurgel

8 questões essenciais sobre projeto político-pedagógico

É papel do diretor gerir a equipe na condução do famoso PPP. Veja aqui respostas para as dúvidas frequentes nesse processo.

Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996, toda escola precisa ter um projeto político pedagógico (o PPP, ou simplesmente projeto pedagógico). Esse documento deve explicitar as características que gestores, professores, funcionários, pais e alunos pretendem construir na unidade e qual formação querem para quem ali estuda. Tudo preto no branco. Elaborar um plano pode ajudar a equipe escolar e a comunidade a enxergar como transformar sua realidade cotidiana em algo melhor. A outra possibilidade - que costuma ser bem mais comum do que o desejado - é que sua elaboração não signifique nada além de um papel guardado na gaveta.

Se bem formatado, porém, o próprio processo de construção do documento gera mudanças no modo de agir. Quando todos enxergam de forma clara qual é o foco de trabalho da instituição e participam de seu processo de determinação, viram verdadeiros parceiros da gestão. O processo de elaboração e implantação do projeto pedagógico é complexo e dúvidas sempre aparecem no caminho. A seguir, respondemos às oito perguntas mais comuns nesse percurso. Nos dois quadros, você encontra exemplos de unidades em que seu desenvolvimento representou um salto de qualidade. Assim, fica mais fácil checar como andam seus conhecimentos sobre o assunto e rever o projeto pedagógico de sua escola.


1. Em que contexto histórico surgiu o projeto pedagógico?
Na década de 1980, o mundo mergulhou numa crise de organização institucional, quando se passou a questionar o modelo de Estado intervencionista - que determinava o funcionamento de todos os órgãos públicos, inclusive a escola. Nesse contexto internacional, o Brasil vivia o movimento de democratização, após um longo período de ditadura. A centralização e a planificação típicas do governo militar passaram a ser criticadas e, na elaboração da Constituição de 1988, o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública (que congregava entidades sindicais, acadêmicas e da sociedade civil) foi um dos grandes batalhadores pela "gestão democrática do ensino público", um conceito que pretendia oferecer uma alternativa ao planejamento centralizador estatal. Outro aspecto importante é que nessa mesma época a escola brasileira passou a incluir em seus bancos populações antes excluídas do sistema público de ensino. Ela ficou, assim, mais diversa e teve de adequar suas práticas à nova realidade. A instituição de um projeto pedagógico surgiu como um importante instrumento para fazer isso.
2. Qual é a relação do global e do local com o plano? No modelo vigente durante a ditadura, o que era permitido aos professores ensinar (e aos alunos aprender) ao longo do processo de escolarização era decidido quase exclusivamente pelo governo militar. A Educação era toda organizada com base em determinações do poder central. Assim, os conteúdos eram tratados de maneira hegemônica e as instâncias locais (ou seja, as próprias escolas) ficavam numa posição de "passividade" diante dessas imposições. Com a instituição do projeto pedagógico, na Constituição de 1988, a realidade local passou a funcionar como "chave de entrada" para a abordagem de temas e conteúdos propostos no currículo - justamente por serem relevantes na atualidade. O plano, por outro lado, deve prever que a escola conecte seus alunos com as discussões globais, re-encontrando sua importância cultural na comunidade.

3. O que o bom projeto pedagógico deve conter?
Alguns aspectos básicos devem estar presentes na elaboração do projeto pedagógico de qualquer escola. Antes de mais nada, é preciso que todos conheçam bem a realidade da comunidade em que se inserem para, em seguida, estabelecer o plano de intenções - um pano de fundo para o desenvolvimento da proposta. Na prática, a comunidade escolar deve começar respondendo à seguinte questão: por que e para que existe esse espaço educativo? Uma vez que isso esteja claro para todos, é preciso olhar para os outros três braços do projeto. São eles:

- A proposta curricular - Estabelecer o que e como se ensina, as formas de avaliação da aprendizagem, a organização do tempo e o uso do espaço na escola, entre outros pontos.

- A formação dos professores - A maneira como a equipe vai se organizar para cumprir as necessidades originadas pelas intenções educativas.

- A gestão administrativa - Que tem como função principal viabilizar o que for necessário para que os demais pontos funcionem dentro da construção da "escola que se quer".

Assim, é importante que o projeto preveja aspectos relativos aos valores que se deseja instituir na escola, ao currículo e à organização, relacionando o que se propõe na teoria com a forma de fazê-lo na prática - sem esquecer, é claro, de prever os prazos para tal. Além disso, um mecanismo de avaliação de processos tem de ser criado, revendo as estratégias estabelecidas para uma eventual re-elaboração de metas e ideais.

Indo além, o projeto tem como desafio transformar o papel da escola na comunidade. Em vez de só atender às demandas da população - sejam elas atitudinais ou conteudistas - e aos preceitos e às metas de aprendizagem colocados pelo governo, ela passa a sugerir aos alunos uma maneira de "ler" o mundo.

4. Quem deve elaborá-lo e como deve ser conduzido o processo?
A elaboração do projeto pedagógico deve ser pautada em estratégias que deem voz a todos os atores da comunidade escolar: funcionários, pais, professores e alunos. Essa mobilização é tarefa, por excelência, do diretor. Mas não existe uma única forma de orientar esse processo. Ele pode se dar no âmbito do Conselho Escolar, em que os diferentes segmentos da comunidade estão representados, e também pode ser conduzido de outras maneiras - como a participação individual, grupal ou plenária. A finalização do documento também pode ocorrer de forma democrática - mas é fundamental que um grupo especialista nas questões pedagógicas se responsabilize pela redação final para oferecer um padrão de qualidade às propostas. É importante garantir que o projeto tenha objetivos pontuais e estabeleça metas permanentes para médio e longo prazos (esses itens devem ser decididos com muito cuidado, já que precisam ser válidos por mais tempo).

5. O projeto pedagógico deve ser revisado? Em que momento?
Sim, ele deve ser revisto anualmente ou mesmo antes desse período, se a comunidade escolar sentir tal necessidade. É importante fazer uma avaliação periódica das metas e dos prazos para ajustá-los conforme o resultado obtido pelos estudantes — que pode ficar além ou aquém do previsto. As estratégias utilizadas para promover a aprendizagem fracassaram? Os tempos foram curtos ou inadequados à realidade local? É possível ser mais ambicioso no que diz respeito às metas de aprendizagem? A revisão é importante também para fazer um diagnóstico de como a instituição está avançando no processo de transformação da realidade. Além disso, o plano deve passar a incluir os conhecimentos adquiridos nas formações permanentes, revendo as concepções anteriores e, quando for o caso, modificando-as.

6. Como atuar ao longo de sua elaboração e prática?
O diretor deve garantir que o processo de criação do projeto pedagógico seja democrático, da elaboração à implementação, prevendo espaço para seu questionamento por parte da comunidade escolar. O gestor é a figura que articula os diferentes braços operacionais e conceituais em relação ao plano de intenções, a base conceitual do documento. É quem deve antecipar os recursos a serem mobilizados para alcançar o objetivo comum. Para sua implantação, ele também cuida para que projetos institucionais que se estendam a toda a comunidade escolar - como incentivo à leitura ou à proteção ambiental - não se percam com a chegada de novos planos, mantendo o foco nos objetivos mais amplos previstos anteriormente. Além disso, é ele quem garante que haja a homologia nos processos, ou seja, que os preceitos abordados no "plano de intenções" não se deem só na relação professor/aluno, mas se estendam a todas as áreas. Por exemplo: se ficou combinado que a troca de informações entre pares colabora para o processo de aprendizagem e é positiva como um todo, a organização dos espaços da escola deve propiciar as interações, a relação com os pais tem de valorizar o encontro entre eles, as propostas pedagógicas precisam prever discussões em grupo etc.

7. O projeto pedagógico precisa conter questões atitudinais?
Sim, há uma função socializadora inerente à escola e ela é difusora de valores e atitudes, quer tenhamos consciência disso, quer não. As instituições de ensino não são entidades alheias às dinâmicas sociais e é importante que tenham propostas em relação aos temas relevantes também do lado de fora de seus muros - já que eles se reproduzem, em maior ou menor escala, em seu interior. O que não se pode determinar no projeto pedagógico são respostas a essas perguntas, que a própria sociedade se coloca. Como resolver a questão da violência, da gravidez precoce, do consumismo, das drogas, do preconceito? Diferentemente do que propunha o modelo do Estado centralizador, não há uma só resposta para cada uma dessas perguntas. O maior valor a trabalhar nas escolas talvez seja o de desenvolver uma postura atenta e crítica.

8. Quais são as maiores dificuldades na montagem do projeto?
É muito comum que o plano de intenções - que deve ser o objetivo maior e o guia de todo o resto - não fique claro para os participantes e que isso só se perceba no decorrer de seu processo de implantação. Outro aspecto frequente é que os meios e as estratégias para chegar aos objetivos do projeto pedagógico se confundam com ele mesmo - por exemplo, que a pontualidade nas reuniões ganhe mais importância e gere mais discussões do que o próprio andamento desses encontros. Um processo democrático traz situações de divergência para dentro da escola: os atores têm diferentes compreensões sobre o que é de interesse coletivo. Por isso, é preciso estabelecer um ambiente de respeito para dialogar e chegar a pontos de acordo na comunidade. Outro ponto que gera problemas é a confusão com o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) - documento que guia municípios e instituições a desenvolver objetivos e estratégias para melhorar o acesso, a permanência e os índices de aprendizagem das crianças.


Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar

terça-feira, 7 de junho de 2011

Carta de João Mattar ao ministro Haddad

Carta de João Mattar ao ministro Haddad

Professor da Universidade Anhembi Morumbi e autor de livros sobre educação a distância como “Games em Educação: como os nativos digitais aprendem”, “ABC da EaD: a educação a distância hoje” e “A Educação a Distância e o Professor Virtual – 50 temas em 50 dias on-line”, entre outros, João Mattar publicou eu seu blog uma carta aberta ao MEC sobre a extinção da SEED, que republicamos, na íntegra, abaixo:
São Paulo, 22 de Fevereiro de 2011

Caro Ministro Fernando Haddad:

A comunidade que atua com EaD no Brasil foi surpreendida, no início de 2011, com a notícia da extinção da SEED – Secretaria de Educação a Distância. Ao final de 2010, ninguém que trabalha com EaD sabia dessa intenção do MEC. Para uma comunidade comprometida tão intensamente com a qualidade na educação, o fato de a decisão não ter sido debatida, nem devidamente comunicada e justificada, tendo sido recebida pela imprensa, teve uma repercussão extremamente negativa, como o senhor pode imaginar.
A SEED vinha sendo a via de contato de nossa comunidade com o MEC, participando ativamente dos eventos de EaD e demonstrando sensibilidade às demandas da área. Por isso mesmo, ninguém até hoje soube explicar os motivos dessa decisão. A falta de discussão, justificativa e comunicação adequada de uma decisão tão importante para quem trabalha com EaD no Brasil gerou inclusive inúmeras especulações.
A extinção representaria uma avaliação negativa das atividades da SEED? Nesse caso, fica parecendo que o MEC optou por jogar fora não só a água do banho, mas também a própria bacia, junto com a criança. Inúmeros profissionais e instituições estariam capacitados para dar novos rumos à SEED, que não serão aproveitados com a sua extinção.
Outra especulação é de que o MEC considera não ter mais sentido a existência de uma Secretaria voltada apenas para a EaD: estaríamos maduros o suficiente para misturar a educação presencial e à distância. Esta não é, entretanto, a visão de todos os que trabalham com EaD em nosso país. Há inúmeras críticas a projetos como a UAB – Universidade Aberta do Brasil, a como está sendo conduzida a formação à distância de professores no Brasil, ao modelo de tutoria implantado pela SEED etc. Para muitos, não parece que o Brasil esteja suficiente maduro para pulverizar e fragmentar os diversos projetos coordenados pela SEED para diferentes órgãos que, em muitos casos, não terão cultura de educação à distância. Na visão de muitos, a extinção da SEED seria um retrocesso numa área quem vem sendo considerada essencial pelo próprio governo.
Por fim, o fato de a SEED ter tido uma postura bastante dura em relação ao controle de qualidade dos cursos de EaD, e de esse mercado estar despertando interesse cada vez maior de poderosos grupos de investidores, gerou rumores de que a decisão do MEC tenha sido tomada em função de lobby em favor do capital, e não da educação.
Venho portanto, através desta, solicitar que a extinção da SEED seja revogada e que as intenções do MEC em relação à EaD sejam adequadamente debatidas com nossa comunidade, para que assim possamos construir colaborativamente a direção da educação em nosso país.
Atenciosamente,
João Mattar
Professor e Especialista em Educação a Distância


Fonte: http://ead.folhadirigida.com.br/

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ensino à distância já atrai um em cada cinco novos estudantes de graduação.



Ensino à distância já atrai um em cada cinco novos estudantes de graduação.


Dados do Ministério da Educação mostram que um em cada cinco novos alunos de graduação no País ingressam em um curso a distância. Ou seja: cerca de 20% dos universitários já estudam entre aulas na internet e em polos presenciais. Os números indicam um rápido avanço da modalidade, ainda pouco conhecida da maioria da população.
O grande impulso para o crescimento do modelo semi-presencial – apesar do nome, aulas totalmente a distância são proibidas pela legislação – foi dado pelo próprio governo, com a criação da Universidade Aberta do Brasil, em 2005. A instituição tem 180 mil vagas em cursos superiores oferecidos em parceria com universidades federais.
No mês passado, a Universidade de São Paulo (USP), que até então resistia em adotar o modelo, lançou junto com o governo do Estado seu primeiro curso a distância, uma licenciatura em Ciências voltada também para formação de professores. A primeira turma a distância da Universidade Estadual Paulista (Unesp) começou suas aulas neste semestre.
“Os estudantes são atraídos pela versatilidade, modularidade e capacidade de inclusão que a metodologia oferece”, afirma o pesquisador Fábio Sanchez, autor do levantamento e um dos coordenadores do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância. Por outro lado, a modalidade exige autonomia do estudante, porque as aulas são construídas por meio de tecnologias como fóruns de discussão, videoconferências e chats pela internet.
Algumas avaliações também podem ser feitas online, mas as provas devem ser presenciais, assim como parte do conteúdo das aulas e atendimentos com os professores. “A tendência é que a educação presencial e EAD se misturem cada vez mais no futuro”, afirma Sanchez.
Por enquanto, o modelo a distância tem mantido taxas altas de crescimento (50% ao ano, em média), enquanto o avanço da graduação presencial tende a se estabilizar (3,5% em 2008). Além da presença forte no setor público, diversas universidades e faculdades privadas adotaram nos últimos anos o modelo a distância, tanto na graduação quanto na pós.
“A graduação EAD vai crescer cada vez mais porque o presencial não consegue atender todo mundo”, explica Marta Maia, professora da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e membro do conselho científico da Associação Brasileira de Ensino a Distância. “A modalidade atrai pessoas que trabalham para sustentar a família, têm mais de 30 anos ou que moram em cidades onde não há universidades. E no Brasil há muita gente com esse perfil.”
Desempenho. Na avaliação do o secretário de Educação a Distância do MEC, Carlos Eduardo Bielschowsky, o Brasil ainda passa por um processo de aceitação e conhecimento do que é a modalidade. “A EAD é um fenômeno mundial e aqui no Brasil ainda demorou para se estabelecer.” Ele cita o resultado das avaliações do ensino superior conduzidas pelo ministério que mostram desempenho semelhante e em alguns casos superior dos estudantes de EAD em relação ao alunos de cursos presenciais.
Mesmo assim, há resistência de gestores que organizam concursos públicos e conselhos de classe. Em fevereiro, a Justiça Federal suspendeu uma resolução do Conselho Federal de Biologia que proibia a concessão de registro profissional para alunos formados a distância.
Por Mariana Mandelli – O Estado de S.Paulo

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje

O que somos é um presente que a vida nos dá. O que nós seremos é um presente que daremos à vida. Hebert de Souza




Nossas missões:

  • Ter paixão pelo que faz e afeto nas coisas;
  • Dedicar-se e ser persistente;
  • Ter visão de futuro;
  • Ser pró-ativo, assumir responsabilidades e correr “alguns” riscos;
  • Ter uma visão positiva da vida e um “alto-astral” (leveza);
  • Ter foco na qualidade de vida, fazer do presente os seus momentos felizes, usando bem o seu tempo e colocando toda a energia naquilo que é verdadeiramente significativo;
  • Aprender com erros próprios e dos outros (feed back), não valorizar as situações negativas;
  • Ser flexível e resilientes (capacidade de superar os limites);
  • Ter facilidade para se relacionar e conviver;
  • Desenvolver o seu auto-conhecimento, pois isso é a base do seu sucesso.

“O que somos é um presente que a vida nos dá..
O que nós seremos (futuro) é um presente que (nós) daremos à vida..”
Hebert de Souza




Mostrar às pessoas que elas são mais livres do que pensam ser; que elas têm por verdadeiros, por evidentes, alguns temas que foram fabricados num momento particular da História, e que esta evidência pode ser criticada e destruída. Mudar alguma coisa no espírito das pessoas, é este o papel do intelectual. (Michel Foucault) Você está sempre a tempo de mudar a sua história...