Carta de João Mattar ao ministro Haddad
Professor da Universidade Anhembi Morumbi e autor de livros sobre educação a distância como “Games em Educação: como os nativos digitais aprendem”, “ABC da EaD: a educação a distância hoje” e “A Educação a Distância e o Professor Virtual – 50 temas em 50 dias on-line”, entre outros, João Mattar publicou eu seu blog uma carta aberta ao MEC sobre a extinção da SEED, que republicamos, na íntegra, abaixo:São Paulo, 22 de Fevereiro de 2011
Caro Ministro Fernando Haddad:
A comunidade que atua com EaD no Brasil foi surpreendida, no início de 2011, com a notícia da extinção da SEED – Secretaria de Educação a Distância. Ao final de 2010, ninguém que trabalha com EaD sabia dessa intenção do MEC. Para uma comunidade comprometida tão intensamente com a qualidade na educação, o fato de a decisão não ter sido debatida, nem devidamente comunicada e justificada, tendo sido recebida pela imprensa, teve uma repercussão extremamente negativa, como o senhor pode imaginar.
A SEED vinha sendo a via de contato de nossa comunidade com o MEC, participando ativamente dos eventos de EaD e demonstrando sensibilidade às demandas da área. Por isso mesmo, ninguém até hoje soube explicar os motivos dessa decisão. A falta de discussão, justificativa e comunicação adequada de uma decisão tão importante para quem trabalha com EaD no Brasil gerou inclusive inúmeras especulações.
A extinção representaria uma avaliação negativa das atividades da SEED? Nesse caso, fica parecendo que o MEC optou por jogar fora não só a água do banho, mas também a própria bacia, junto com a criança. Inúmeros profissionais e instituições estariam capacitados para dar novos rumos à SEED, que não serão aproveitados com a sua extinção.
Outra especulação é de que o MEC considera não ter mais sentido a existência de uma Secretaria voltada apenas para a EaD: estaríamos maduros o suficiente para misturar a educação presencial e à distância. Esta não é, entretanto, a visão de todos os que trabalham com EaD em nosso país. Há inúmeras críticas a projetos como a UAB – Universidade Aberta do Brasil, a como está sendo conduzida a formação à distância de professores no Brasil, ao modelo de tutoria implantado pela SEED etc. Para muitos, não parece que o Brasil esteja suficiente maduro para pulverizar e fragmentar os diversos projetos coordenados pela SEED para diferentes órgãos que, em muitos casos, não terão cultura de educação à distância. Na visão de muitos, a extinção da SEED seria um retrocesso numa área quem vem sendo considerada essencial pelo próprio governo.
Por fim, o fato de a SEED ter tido uma postura bastante dura em relação ao controle de qualidade dos cursos de EaD, e de esse mercado estar despertando interesse cada vez maior de poderosos grupos de investidores, gerou rumores de que a decisão do MEC tenha sido tomada em função de lobby em favor do capital, e não da educação.
Venho portanto, através desta, solicitar que a extinção da SEED seja revogada e que as intenções do MEC em relação à EaD sejam adequadamente debatidas com nossa comunidade, para que assim possamos construir colaborativamente a direção da educação em nosso país.
Atenciosamente,
João Mattar
Professor e Especialista em Educação a Distância
Fonte: http://ead.folhadirigida.com.br/
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