domingo, 12 de junho de 2011

Tecnologia - Escolas plugadas - Educar para crescer

Escolas plugadas

A informática faz parte do cotidiano das crianças e dos adolescentes e o governo promete torná-la universal nas escolas públicas até 2010. Conheça a experiência de quem aprendeu a usar o computador como aliado – e o alerta do que não funciona.


Foto: Luis Motta

Google, blogs, Orkut, wikis, hackers... Se alguém ainda tinha dúvidas, esqueça: o dicionário da educação (em casa e na escola) foi definitivamente invadido por novas palavras, criadas quase todos os dias para dar conta do turbilhão de avanços da tecnologia, que criam situações e possibilidades inteiramente novas.
O computador chegou para ficar – muito antes que alguém saiba com certeza se os recursos da informática trazem ou não benefícios concretos para a aprendizagem. Nas escolas particulares, a experiência já soma duas décadas, mas seu uso é cada vez mais diversificado. Na rede pública, as promessas são alentadoras: até 2010, o Ministério da Educação pretende levar computadores a todas as escolas públicas brasileiras, atingindo 55 milhões de alunos.

Nesse mundo novo, no qual se movem com familiaridade crianças e jovens, os adultos estão à procura de um manual de instruções. Os pais temem perder o controle sobre os movimentos dos filhos, que passam a encontrar os amigos em um espaço de relações virtuais. Os professores oscilam entre a negação do avanço e a busca por um novo papel, tentando entender o que é educar em um contexto no qual os alunos têm mais domínio sobre a ferramenta que eles próprios. “Estamos ainda na infância das possibilidades do uso da tecnologia na educação”, diz a professora Afira Ripper, da Faculdade de Educação da Unicamp, pioneira nas pesquisas nessa área.

Para ela, um dos vícios de origem do uso da tecnologia, que ainda persiste, é a premissa de que basta existir o computador e o aluno faz o resto. “Uma idéia na cabeça, um computador na mão”, lembra, parodiando a frase do cineasta Glauber Rocha. Como conseqüência desse pensamento, as escolas que mais cedo se lançaram no mundo virtual colecionaram experiências de fracasso. O impacto sobre o aprendizado foi muito menor do que se previu.

O primeiro erro foi capital: em quase 100% dos casos, o investimento em máquinas veio antes da qualificação dos professores. O que faz a diferença, descobriram a duras penas os educadores, não é a qualidade do software ou do hardware utilizado, mas aquela peça que fica logo à frente do monitor: o ser humano. Projetos bem-sucedidos de uso da tecnologia têm como característica comum professores que compreenderam o novo papel que desempenham como orientadores, motivadores, referências de um processo de descoberta coletiva. Nessa condição, nem é preciso que sobrepujem os alunos no domínio do computador. Basta que saibam o que querem que as crianças aprendam.

Os sucessivos percalços minaram a confiança nas tecnologias de informação e comunicação (TICs). Não demorou para que sua eficácia começasse a ser questionada com dados. Apenas em 2008, duas pesquisas brasileiras ligaram a utilização do computador a defasagens na aprendizagem. Na Unicamp, o pesquisador Thomas Patrick Dwyer cruzou os dados obtidos pelos estudantes no Sistema de Avaliação do Ensino Básico com hábitos de uso do computador e chegou à conclusão de que passar muito tempo diante do micro é prejudicial.


O estudo apontou queda de até 7,5% nas notas dos alunos do atual 9o ano do ensino fundamental (antiga 8a série) e do 3o ano do ensino médio que recorrem à informática para fazer trabalhos escolares ou a lição de casa. Outro levantamento foi feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, o respeitado Inep, vinculado ao Ministério da Educação. A pesquisa sugere que escolas que usam o computador sem conexão à internet têm notas mais baixas nas avaliações oficiais. O desempenho melhora se os micros estão plugados na rede, mas a semente da dúvida foi lançada.

Irritação. É essa a reação dos defensores do uso da tecnologia na escola diante de estudos como esses. “Há alguma convicção científica de que o lápis, comparado com a pedra lascada, propicie maior aprendizagem?”, ironiza o especialista em tecnologias educacionais Paulo Blikstein, doutorando pela Northwestern University, em Chicago. Para ele, o principal argumento para o uso intensivo das novas tecnologias na educação é que elas já fazem parte do cotidiano de todos. “É complicado julgar o computador como um comprimido que irá resolver todos os nossos problemas educacionais.

Certamente, a questão tem mais a ver com a qualidade da atividade desenvolvida”, acrescenta o pesquisador Leo Burd, do Massachusetts Institute of Technology (MIT).


Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia


Um comentário:

  1. Olá Claudia, sou a Dulce do Curso da UFSCAR e gostei muito do seu blog,especialmente desse assunto que gosto muito e sempre voltarei mas eu tbém tenho um blog e espero sua visitinha lá tbém. Super abraço.
    Dulce.

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